QUEREMOS VER JESUS, CAMINHO, VERDADE E VIDA – “O JEJUM QUE EU QUERO”

Quaresma: conversão,penitência, jejum e oração. O profeta Isaías adverte: “O jejum que eu quero  é este:  acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu e não se fechar à sua própria gente (IS 58,6-8).

Eis a proposta da Quaresma, que, talvez, não agrade a quem busca penitências desvinculadas da vida. Neste tempo, a Igreja nos convida à espiritualidade de Jesus, ao cumprir sua missão de redentor da humanidade. Ele se impôs um jejum de 40 dias, no deserto. Ao terminá-lo, diz o evangelho: “sentiu fome” (Mt4,2). Experimentou o flagelo que penaliza hoje 2/3 da humanidade e que vai na contramão do seu objetivo: “Eu vim para que tenham vida, e a vida em abundância”(Jo,10,10). Salvar,  portanto, o homem é cuidar do seu corpo é confortar seu coração e proporcionar-lhe tudo aquilo que contribui para que sua existência seja conforme o projeto do reino por Ele anunciado.

Durante sua permanência física no mundo Jesus rezou, passando noites em oração. E certamente conversou com o Pai sobre as dores dos seus irmãos, na terra. Contudo não se satisfez só coma gratificação desse diálogo. Desceu das alturas da contemplação para a planície da convivência humana e, no contato com os homens, ensinou como proteger a vida, como ajudar a todos a viver conforme sua grandeza de filhos de Deus.

Entretanto não é isso que estamos vendo, nestes dias em que tantas cruzes afligem a humanidade. Há pessoas, em todos os quadrantes do planeta, precisando de pão, saúde, educação e conforto; de esperança de amor e paz. É urgente que sejam atendidas nesses direitos básicos, porque é inadmissível, numa era de tão arrojados vôos das ciências, dos fantásticos inventos da técnica, ainda existir gente desrespeitada e desumanizada, procurando, nos montões de lixo, restos que matem a fome.  Resgatar a dignidade desse povo é o jejum que Jesus nos pede e lhe agrada, como um dos nossos exercícios quaresmais.

(Dom Geraldo  M. Agnelo – Cardeal Arcebispo de S. Salvador da Bahia)

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